Cannabis Medicinal: Como Funciona?

Quem diria que uma planta, cultivada há milênios, estaria no centro de tantas conversas sobre o futuro da medicina?

A cannabis medicinal, embora envolta em controvérsias e ainda carregada de preconceitos, vem ganhando cada vez mais atenção por seu potencial terapêutico. Mas, afinal, como funciona esse remédio que nasce das plantas, e como pode nos ajudar no cuidado com a saúde?

A cannabis medicinal é derivada da planta Cannabis sativa, conhecida como Maconha, e contém compostos chamados canabinoides. Já foram identificados mais de 100 canabinoides - dentre eles o THC (tetraidrocanabinol) e o CBD (canabidiol) - que têm efeitos terapêuticos no corpo humano. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o uso medicinal da cannabis não está necessariamente ligado ao efeito psicoativo (ou seja, à alteração da percepção ou a sensação de “barato”), mas ao alívio de sintomas e à promoção do bem-estar físico e emocional.

Os Canabinoides: Os protagonistas dessa história

O corpo humano possui um sistema chamado sistema endocanabinoide (SEC), que é uma rede de receptores localizados em diversas regiões do cérebro, no sistema nervoso central e em várias outras partes do corpo, como os órgãos e os músculos, inclusive na pele e sistema imunológico. O SEC tem função vital na regulação de uma variedade de processos fisiológicos do corpo humano. Os receptores canabinoides (CB1 e CB2) modulam e equilibram funções essenciais como sono, apetite, dor, humor, e até funções imunológicas. Os fitocanabinoides encontrados na cannabis, como o THC e o CBD, interagem diretamente com estes receptores, assim como os demais fitocanabinoides presentes no óleo full spectrum (que é um extrato que tem todos os fitocanabinoides e baixa dose de THC - até no máximo 0,3%)

• THC: Quando falamos em THC, pensamos no principal composto psicoativo da cannabis, responsável pelos efeitos de alteração de consciência. Porém, em doses controladas e para fins medicinais, o THC tem sido utilizado para condições de saúde específicas, embora o uso deva ser cuidadosamente monitorado.

  
  

• CBD: O Canabidiol (CBD), ao contrário do THC, não tem efeitos psicoativos com alteração de consciência, e vem sendo utilizado em uma variedade de tratamentos. O CBD interage com os receptores CB1 e CB2 e tem se mostrado eficaz no tratamento de ansiedade, insônia, transtornos de humor, dores crônicas, epilepsia, doenças neurodegenerativas.

  
  

E como a cannabis pode ser utilizada na medicina?

1. Dor crônica: A cannabis tem se mostrado eficaz no controle de dores neuropáticas, musculares e articulares, proporcionando alívio a condições como fibromialgia, esclerose múltipla, artrite, lesões traumáticas, bem como enxaqueca.

   
   

2. Distúrbios de sono: O CBD, em particular, tem sido utilizado para melhorar a qualidade do sono, ajudando na insônia e nas dificuldades para relaxar. Já o THC pode induzir o sono de forma mais rápida e profunda, especialmente em casos de TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático).

   
   

3. Ansiedade e depressão: O uso do CBD tem mostrado efeitos positivos na redução de sintomas relacionados à ansiedade, depressão e estresse pós-traumático (TEPT).

   
   

4. Distúrbios neurológicos: Pacientes com epilepsia têm se beneficiado do CBD para redução da frequência das crises. Além disso, há estudos que sugerem efeitos benéficos em condições como Parkinson e Alzheimer.

   
   

5. Náuseas e vômitos: Em tratamentos como quimioterapia, onde a náusea é um efeito colateral comum, o THC pode ser utilizado para aliviar esses sintomas, além de ajudar na recuperação do apetite.

   
   

Mas será que a cannabis é para todo mundo?

É importante lembrar que, como qualquer medicamento, a cannabis medicinal deve ser usada com orientação médica. Cada paciente tem um organismo único, e a dosagem e o tipo de canabinoide utilizado devem ser ajustados de acordo com as necessidades individuais.

Além disso, a cannabis medicinal não é uma solução milagrosa. Ela faz parte de um cuidado integral, que pode incluir outras terapias, ajustes no estilo de vida, alimentação saudável e práticas como acupuntura ou meditação. O importante é respeitar o tempo do corpo e trabalhar de maneira holística para alcançar o equilíbrio.

Se você está buscando uma abordagem mais natural e equilibrada para o cuidado com sua saúde, a cannabis medicinal pode ser uma alternativa interessante. Se quiser saber mais ou explorar essa opção de forma segura e responsável, estamos aqui para auxiliar. Com carinho, equipe Manacá.

Saiba mais sobre nós

Dra. Deise Klauck, Médica

Lisiê Silva, Farmacêutica clínica