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Por que não sonhar é tão ruim quanto não dormir?

"não sonhar é tão danoso quanto não dormir" Sidarta Ribeiro, neurocientista.


nebulosa universo

Os sonhos sempre fascinaram a humanidade. Mais do que histórias que nossa mente cria enquanto dormimos, eles são parte essencial do nosso bem-estar — uma ponte delicada entre o corpo, a mente e as emoções.


Durante o sono, especialmente na fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), o cérebro trabalha intensamente, processando emoções, organizando memórias e até ensaiando soluções para conflitos internos. É como se, naquele espaço misterioso, estivéssemos nos curando de dentro para fora. É o momento do mundo dos sonhos.


Na psicanálise, o psiquiatra Freud já apontava os sonhos como uma via de acesso ao inconsciente, onde desejos reprimidos e emoções escondidas se manifestam em símbolos e narrativas simbólicas. Para ele, interpretar esses conteúdos poderia ajudar a compreender melhor nossos conflitos internos e aliviar sofrimentos emocionais.


Já Carl Gustav Jung, psiquiatra pioneiro da psicologia analítica, viu os sonhos como mensagens valiosas da “sombra” — partes profundas de nossa psique que buscam equilíbrio e integração. Para Jung, os sonhos trazem símbolos universais e pessoais que, quando acolhidos, ajudam no processo de individuação, isto é, no caminho para nos tornarmos pessoas mais completas e conscientes.


Sidarta Ribeiro, cientista brasileiro estudioso sobre sonhos diz que "não sonhar é tão danoso quanto não dormir", como mostra no documentário "Criaturas da mente".


Os sonhos, portanto, não são só fantasias ou imagens soltas. Eles ajudam a regular o equilíbrio emocional, diminuem a ansiedade e fortalecem nossa capacidade de enfrentar os desafios do dia a dia. Quando dormimos mal ou não alcançamos essa fase profunda do sono, o corpo e a mente ficam vulneráveis — o sistema imunológico enfraquece, o humor piora e o estresse se acumula.


No consultório, observamos com frequência a queixa de um sono não reparador, pessoas que acordam com frequência, cansadas mesmo após 8h de sono, ou que simplesmente não dormem. Muitas delas só conseguem dormir com a ajuda de medicamentos indutores do sono, como os hipnóticos ou sedativos.


É importante saber que o sono induzido não é o mesmo que o sono natural.

Ele pode ajudar temporariamente, mas não garante a entrada adequada nas fases profundas do sono, especialmente na fase REM — justamente a etapa em que ocorrem os sonhos, que ajuda na reorganização mental.


O uso prolongado desses medicamentos geralmente causa dependência. E pior: a qualidade do sono continua baixa, porque o cérebro não realiza seus ciclos de forma completa. É como desligar o alarme sem realmente resolver o incêndio.


Por isso, além de buscar alternativas naturais para melhorar o sono — como higiene do sono, respiração consciente, fitoterapia, psicoterapia ou acupuntura —, também é importante prestar atenção no que os sonhos (ou a ausência deles) estão querendo mostrar.


Um sono saudável não é feito apenas de horas dormidas, mas de um corpo que se sente seguro para descansar e de uma mente que confia o suficiente para soltar o controle por algumas horas e mergulhar nas profundezes do inconsciente desconhecido.


Sonhar, portanto, não é só uma atividade da noite, é um ato de cuidado profundo, uma cura que acontece no silêncio do nosso descanso.


Que tal começar hoje a prestar mais atenção aos seus sonhos? Talvez eles tenham muito a te contar.



Dra. Deise Klauck, Médica

Lisiê Silva, Farmacêutica clínica


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Deise Klauck - Doctoralia.com.br