Antes de começar de novo, o que você precisa encerrar?

O ano, com suas alegrias e desafios, está prestes a ser deixado para trás. Se você está sentindo que o fim do ano está chegando com um peso no peito, é o momento ideal para dar atenção, antes de começar de novo.

Mas, antes de seguir em frente, é essencial refletirmos: o que você precisa encerrar para realmente abrir espaço para o novo?

Às vezes, pensamos que precisamos começar com grandes planos e metas para o futuro, mas a verdade é que o começo é mais simples, mas exige um fim. Uma conclusão, um fechamento emocional e até energético.

Nós aqui no consultório falamos repetidas vezes sobre energias em nossos atendimentos, já que acupuntura se baseia na circulação energética do corpo, entendemos que a energia flui em tudo na nossa vida, não apenas no corpo.

O Peso das Despedidas

Quantos momentos, sentimentos ou relações ainda estão pendurados em nossa vida, como folhas secas que se recusam a cair? Todos nós carregamos, de alguma forma, situações não resolvidas que pesam nos nossos ombros, seja um ciclo exaustivo de trabalho que não terminou como esperávamos, uma relação que ficou por resolver, ou até um sonho que não se concretizou como imaginado. Essas “pendências emocionais” podem nos impedir de dar espaço ao novo.

Encerrar não significa esquecer, ignorar ou apagar da memória. Pelo contrário, é sobre olhar para o que foi, sentir as emoções que surgem, agradecer pelas lições aprendidas e, com isso, liberar o que já não serve mais. Isso é um ato de coragem e de perdão também, e por que não? Se não fizermos esse fechamento, os ciclos incompletos acabam afetando nosso equilíbrio, nossa alma é sedenta por movimento, evolução e liberdade. Deixar assuntos inacabados, muitas vezes, nos impede de seguir em frente e estar 100% presentes. É como se algo estivesse, constantemente, nos puxando de volta ao passado.

O fim das coisas

A sensação de estar "preso" no tempo, no ciclo que não se fecha, ou o que se repete infinitamente, e um sentimento de estar num barco à vela no meio do mar aberto sem um ventinho pra nos guiar. O movimento, o vento, a mudança das estações, o dia e a noite, tudo nos lembra que a mudança é necessária para existir vida, pulsação, alegria de viver.

Por isso, é importante dar uma pausa, e refletir, antes de começar o novo. Pergunte-se:

O que precisa permanecer e o que precisa acabar? Permita-se um momento de introspecção. Avalie sentimentos, rotina, pessoas da sua vida, lugar e tudo que você sente que te prende, e o que te liberta. Ao fazer isso, você não só está abrindo espaço na sua vida, mas também criando condições para o que virá.

O psiquiatra Dr. Edward M. Hallowell em seu livro "Sem Tempo Pra Nada", nos convida a fazer um exercício simples:

1. Coloque no papel tudo que ocupa o nosso tempo: exemplo - trabalho, lazer, redes sociais, livros, filhos, relações, até momentos como tomar um chá, banhos, cozinhar...

   
   

2. Pontue de 0 a 5 cada item dessa lista. com o grau de satisfação que ela nos oferece, sendo 0 para o que não nos dá alegria nenhuma, e 5 para o que dá alegria. E depois pontue de 0 a 5 para o tempo gasto com cada atividade.

   
   

3. Calcule cada numero separadamente e avalie o que realmente vale a pena manter na nossa vida. As coisas que devem permanecer é o que nos trás mais felicidade e menos gasto de tempo desnecessário. Ou seja, passar raiva nas redes sociais, segundo o psiquiatra, é algo que realmente deveria ser abolido. Podemos usar as redes para causas mais nobres, como encontrar pessoas que nos conectem com algo positivo, mas que não nos roubem tempo. Outro exemplo é cozinhar, muitas pessoas não gostam porque toma tempo, tem que lavar a louça, mas o benefício para a saúde, a satisfação a longo prazo é muito positiva.

   
   

4. Senso de responsabilidade e de ser o certo a se fazer: tem coisas que tomam o nosso tempo, não é tão prazeroso, mas é o certo a se fazer. Isto traz benefícios como a construção da ética e da evolução da humanidade, porém é desgastante. Uma delas é criar os filhos, com responsabilidade e dedicação, cumprir com esse compromisso está além de qualquer pontuação - é o certo a se fazer.

   
   

5. A análise e reflexão sobre nossas ocupações nos ajuda a perceber onde estamos investindo nossa energia de forma que não nos acrescenta, e onde podemos cortar ou mudar os rumos. Isso é essencial para um fechamento emocional genuíno — reconhecer o que merece ser encerrado e o que realmente deve seguir conosco.

A Energia das Despedidas

Despedir-se é mais do que dar adeus. É transformar a despedida em um ritual. Quando fechamos ciclos de maneira consciente, permitimos que a energia daquilo que vivemos se transforme e se integre de maneira positiva em nosso ser. Em vez de carregar o peso do "não resolvido", conseguimos transitar para o novo com mais clareza e foco.

Se você está sentindo que o fim do ano está chegando com um peso no peito, é o momento ideal para dar atenção a isso. Pergunte-se: o que você precisa encerrar para realmente abrir espaço para o novo?

Isso pode ser um ritual simples, como um agradecimento silencioso por tudo o que aprendeu e experimentou, ou uma prática mais profunda de meditação, acupuntura ou até mesmo fitoterapia, que ajudam a liberar os bloqueios emocionais. No final, o importante é desprender-se do que não serve mais, para que o novo possa entrar de forma leve e fluída.

O Processo de Renovação

Ao permitir que o passado se vá, você se torna mais aberto e receptivo ao que o futuro tem a oferecer. Não se trata de apagar ou esquecer, mas de dar um passo consciente para frente, levando consigo apenas o que é necessário para o seu crescimento. Isso traz uma sensação de renovação e confiança, essencial para os próximos passos.

Este é o convite que fazemos a você: faça do final do ano uma ritualização da leveza. Antes de se comprometer com o novo, permita-se o tempo de que precisa para fechar o que ficou pendente.

Estamos aqui, seja com práticas de acupuntura, fitoterapia ou mesmo com uma conversa acolhedora.

Com carinho, equipe Manacá.

Saiba mais sobre nós

Dra. Deise Klauck, Médica

Lisiê Silva, Farmacêutica clínica